terça-feira, 9 de maio de 2017

Processo Histórico: Ditadura na Argentina

A ditadura civil-militar que a Argentina vivenciou durante os anos de 1976 e 1983 gerou traumas na sociedade que ainda são visíveis e seus desdobramentos são constantemente revisitados. As mortes, os desaparecimentos, sequestros, as adoções ilegais são algumas das mais perversas heranças deixadas por aquele período. Desde os anos de 1960 os países do Cone Sul enfrentavam um avanço da militarização em seus governos, países vizinhos à Argentina, como o Brasil, já viviam em ditaduras civil-militares que tinham como principal objetivo “defender” a soberania do Estado frente à ameaça comunista que, segundo os golpistas, rondava estes países. Esta lógica foi usada como justificativa para a maioria dos golpes que os países da América do Sul enfrentaram a partir da década de 1960. Inseridos na lógica da então Guerra Fria, as Forças Armadas desses países colocavam-se como a salvação frente à ameaça comunista. Além dessa justificativa, da ameaça de um golpe de esquerda, esses países enfrentavam alguns distúrbios políticos, sociais e econômicos. Sendo assim, a crise enfrentada juntamente com o discurso do “perigo vermelho” abriram caminhos para que as Forças Armadas tomassem o poder.

                                       






Na madrugada de 24 de março de 1976, a Junta Militar tomou o poder na Argentina, formada por comandantes das três armadas – Jorge Rafael Videla, general do Exército; Orlando Agosti, almirante da Força Aérea e Eduardo Massera, brigadeiro da Marinha. Os militares se apropriaram das estações de rádio e televisão de Buenos Aires e das principais cidades do interior. Em seguida, através dos principais meios de comunicação de massa, o país foi informado que uma Junta de Comandantes das três armadas havia decidido pôr fim ao agonizante exercício das atividades civis e assumia o poder político em nome do autodenominado Processo de Reorganização Nacional.


O regime instaurando logo após o golpe instituiu uma forma inédita de crime político, o desaparecimento forçado e clandestino. A prática de desaparecimento consistia no sequestro das vítimas e seu encaminhamento para cativeiros ilegais, os centros clandestinos de detenção (CCD) que, na maioria das vezes, estavam localizados nas dependências militares ou policiais. Nestes centros clandestinos as vítimas eram torturadas e, em sua maioria, assassinadas. As torturas físicas e psicológicas, os fuzilamentos, os partos de presas políticas e os subsequentes sequestros de crianças, foram práticas comuns nestes e em vários outros CCD, estima-se que existiram mais de 300 em toda Argentina.
    


                                     
                 Estima-se que a repressão durante os anos do regime deixou mais de 30 mil desaparecidos.



Os sequestros de militantes oposicionistas do regime civil-militar argentino foi uma prática comum da estratégia de terrorismo de Estado implantada pela ditadura, assim como a apropriação ilegal de bebês. A estimativa é de que, aproximadamente, 500 crianças foram sequestradas e adotadas ilegalmente por outras famílias, que muitas vezes, possuíam ligações com o regime; essa foi uma das práticas terroristas mais cruéis desempenhadas pela ditadura, gerando um trauma que ultrapassa gerações. Atualmente, com a ajuda da organização de direitos humanos Avós da Praça de Maio, 116 jovens já tiveram suas identidades recuperadas. [...]


Em 1983 a Argentina elegia democraticamente seu primeiro presidente após o final da ditadura civil-militar, a chegada de Raúl Alfonsín à presidência da República Argentina foi apenas o primeiro passo rumo ao reestabelecimento da democracia e do Estado de Direito. O país enfrentara uma das mais sangrentas ditaduras da história da América Latina e enfrentaria uma série de lutas dolorosas para reconstruir-se e acertar suas contas com seu passado recente.



                                        





Adaptado de: https://historiandonanet07.wordpress.com/2015/08/20/a-ditadura-civil-militar-na-argentina-1976-1983/


Clarice Portugal



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