Na madrugada de 24 de março de 1976, a Junta Militar tomou o poder na Argentina, formada por comandantes das três armadas – Jorge Rafael Videla, general do Exército; Orlando Agosti, almirante da Força Aérea e Eduardo Massera, brigadeiro da Marinha. Os militares se apropriaram das estações de rádio e televisão de Buenos Aires e das principais cidades do interior. Em seguida, através dos principais meios de comunicação de massa, o país foi informado que uma Junta de Comandantes das três armadas havia decidido pôr fim ao agonizante exercício das atividades civis e assumia o poder político em nome do autodenominado Processo de Reorganização Nacional.
O regime instaurando logo após o golpe instituiu uma forma inédita de crime político, o desaparecimento forçado e clandestino. A prática de desaparecimento consistia no sequestro das vítimas e seu encaminhamento para cativeiros ilegais, os centros clandestinos de detenção (CCD) que, na maioria das vezes, estavam localizados nas dependências militares ou policiais. Nestes centros clandestinos as vítimas eram torturadas e, em sua maioria, assassinadas. As torturas físicas e psicológicas, os fuzilamentos, os partos de presas políticas e os subsequentes sequestros de crianças, foram práticas comuns nestes e em vários outros CCD, estima-se que existiram mais de 300 em toda Argentina.

Estima-se que a repressão durante os anos do regime deixou mais de 30 mil desaparecidos.
Os sequestros de militantes oposicionistas do regime civil-militar argentino foi uma prática comum da estratégia de terrorismo de Estado implantada pela ditadura, assim como a apropriação ilegal de bebês. A estimativa é de que, aproximadamente, 500 crianças foram sequestradas e adotadas ilegalmente por outras famílias, que muitas vezes, possuíam ligações com o regime; essa foi uma das práticas terroristas mais cruéis desempenhadas pela ditadura, gerando um trauma que ultrapassa gerações. Atualmente, com a ajuda da organização de direitos humanos Avós da Praça de Maio, 116 jovens já tiveram suas identidades recuperadas. [...]
Em 1983 a Argentina elegia democraticamente seu primeiro presidente após o final da ditadura civil-militar, a chegada de Raúl Alfonsín à presidência da República Argentina foi apenas o primeiro passo rumo ao reestabelecimento da democracia e do Estado de Direito. O país enfrentara uma das mais sangrentas ditaduras da história da América Latina e enfrentaria uma série de lutas dolorosas para reconstruir-se e acertar suas contas com seu passado recente.

Adaptado de: https://historiandonanet07.wordpress.com/2015/08/20/a-ditadura-civil-militar-na-argentina-1976-1983/
Clarice Portugal
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